Curta-metragem une amizade, autismo e astronomia ao refletir sobre o poder da conexão humana 2c5b13
A amizade entre um menino autista de 10 anos, fascinado pela astronomia, e um zelador de 70, sonhador de uma vida como astronauta, guia a trama de “Notícias da Lua”. O curta-metragem, dirigido por Sérgio Azevedo e produzido pela Café Preto Filmes, aborda com sensibilidade a experiência do autismo. A obra, vencedora de duas categorias do Prêmio Catarinense de Cinema 2023 e finalista do LAB de curtas do Rota Festival, recebeu apoio financeiro da Lei Paulo Gustavo.
O enredo é uma delicada construção de sentimentos, onde Luã, interpretado por Davi Burg, envia mensagens para o espaço com a esperança de descobrir o paradeiro da lua, enquanto Astor, vivido por Otávio Augusto, responde por rádio, criando uma conexão inesperada entre gerações e experiências de vida. Gravado no Parque Astronômico de Criciúma, o curta explora temas como a visibilidade do autismo e a sensibilidade da amizade, lembrando que nem tudo o que não se vê deixa de existir.
O roteirista e diretor Sérgio Azevedo, autista de nível 1 de e, trouxe muito de sua própria experiência para o projeto. “Escrevi sobre mim sem querer”, revela ao contar sobre a inspiração em suas visitas a observatórios durante sua paixão e hiperfoco por astronomia na infância. Para ele, a obra reflete a importância de reconhecer o autismo em suas diversas formas. “Assim como a lua nova, que às vezes não vemos, o autismo de nível 1 também pode ser invisível aos olhos, mas está presente”.
A produção envolveu por volta de 30 profissionais em quatro dias intensos de gravação em outubro, mas com a pré-produção iniciada já em janeiro. O elenco contou com o ator Otávio Augusto, um ícone do cinema e da televisão brasileira, que já participou de obras como “Rainha da Sucata”, “A Próxima Vítima”, “Belíssima”, “O Auto da Compadecida” e entre outras. Sérgio comenta sobre a experiência de trabalho com Otávio, elogiando não só a atuação como a generosidade e entrega do ator veterano.
“No início, sempre há um nervosismo, mas tanto ele quanto a esposa Cristina Mullins, que também é uma grande atriz, me deixaram muito tranquilo. Eu o deixei livre para apresentar ideias, improvisar e se autodirigir em alguns momentos. O meu trabalho foi mais de fazer com que ele entendesse o personagem e a importância do projeto. Foi surpreendente e emocionante ver ele brilhando em cena”, descreve.
Ao lado do experiente Otávio Augusto, o jovem Davi Burg também encantou. Em sua primeira experiência no cinema, surpreendeu a equipe. “O Davi não é um ator profissional. Ele também é autista de nível 1 de e e isso era essencial para o papel, pois sabemos da importância da representatividade”, reforçou ao falar sobre a seleção do artista. “Foi emocionante. Várias vezes, quando ele terminava uma cena, eu estava chorando”, acrescentou, aproveitando para enaltecer o apoio e acompanhamento dos pais de Davi durante todo o processo.
A previsão de finalização é para março, quando o público poderá enfim assistir. “A gente pretende sair das fronteiras e ganhar o universo, fazendo com que o máximo de pessoas possíveis sejam alcançadas pelo filme e a mensagem”, planeja o diretor. “A gente pretende realizar um processo de divulgação e exibições em escolas, em praças, ao ar livre e onde mais formos convidados. Acreditamos que o filme tem potencial para entrar em festivais de cinema nacionais e até internacionais. Há um desejo de inscrever pelo reconhecimento tanto do público que frequenta os festivais quanto de críticos e profissionais importantes do cinema”, observa.
Sinopse
Luã é um menino autista de 10 anos com hiperfoco em astronomia. Após uma visita que sua turma fez ao Observatório da cidade, Luã tenta comunicação com astronautas. A lua parece ter sumido do céu. Sem respostas do universo, o menino tenta enviar uma mensagem ao espaço com um balão de gás Hélio e a mensagem vai parar nas mãos de Astor, 70 anos, o zelador da escola, que sonhava em ser astronauta. Ele se comunica com Luã por um radioamador para lhe dar notícias da lua. Astor, assim como seu novo amigo espacial, é um adulto autista nunca divulgado. A lua reaparece no céu, junto com o brilho de alegria dessa amizade movida pelo Universo.
Maquiadora Top de Mídia foi escolhida para o projeto
Daniela Nagel, além da já conhecida excelência com maquiagem social, se destaca também em produções audiovisuais.
A maquiadora orleanense Daniela Nagel, vencedora do Top de Mídia de Orleans em 10 edições consecutivas, participou do projeto. Com 18 anos de carreira, a profissional, além da já conhecida excelência em maquiagem social, acumula atuações também em maquiagem para cinema. No projeto “Notícias da Lua”, ela descreve a experiência como incrível.
“Trabalhar com profissionais tão experientes sempre traz aprendizados valiosos. Cada projeto é uma nova oportunidade de crescimento”, avalia. Segundo ela, trabalhar com produções audiovisuais acarreta em uma grande responsabilidade. “Exige um nível de detalhamento muito maior, principalmente porque as câmeras de alta definição captam tudo com extrema precisão. A maquiagem precisa estar impecável. Por isso, nestes trabalhos, utilizo a técnica do airbrush, que garante uma finalização suave e duradoura”, explica.
A especialista conta que a maquiagem desempenha um papel fundamental na narrativa. Entre outras funções, contribui para transmitir emoções e características que, muitas vezes, seriam difíceis de expressar sem ela. “No caso do personagem principal, usamos tons mais avermelhados no rosto e um brilho específico na pele para destacar sua condição emocional e física em diferentes cenas”, detalha.
Sua primeira experiência com audiovisual se deu há 10 anos. Em 2014, foi convidada para participar da websérie “Protocolo 43”. Este, juntamente com o “Domingos Bugreiro”, foi o projeto mais desafiador. “Em ‘Protocolo 43’, fiz maquiagem de zumbis e, em ‘Domingos Bugreiro’, tive que recriar orelhas de índios para cenas que retratavam o corte das orelhas como prova de morte, algo muito detalhado e impactante”, relembra.
Ao total, a maquiadora já atuou em pelo menos oito produções, incluindo também “O Pai”, “O cinema”, “A Travessia” e “Quando Ela Chegar”. “Me preparei participando de cursos especializados em maquiagem para efeitos especiais, além da experiência acumulada ao longo de todos esses anos na área, que contribui muito para a execução dos trabalhos”, relata.